Na passada segunda-feira à tarde, dia 4 de Junho, fui entrevistada no programa "A Tarde é Sua" dedicado à Seleção Portuguesa de Futebol.
Passei o domingo inteiro e a manhã de segunda-feira nervosíssima com a
minha entrevista. Falar em público nunca foi o meu forte - julgo que já o
tinha dito aqui no blogue. Já me enervo demasiado com apresentações de
trabalhos na minha Faculdade, perante apenas uma dúzia de pessoas. A
minha oralidade, embora já tenha tido piores dias, sempre deixou muito a
desejar. Ainda por
cima, nunca tinha ido à televisão - antes daquilo só tinha aparecido
uma ou duas vezes no máximo e sempre de passagem. Também não ajudava o
facto de não ter grandes certezas acerca do que eu ia exactamente fazer
ao programa.
Os nervos ainda não se tinham dissipado quando cheguei aos estúdios da
TVI em Queluz de Baixo, por volta do meio-dia e meia, mais coisa menos
coisa. No cantinho com sofás onde me disseram para esperar, já lá
estavam outras pessoas também convidadas para participarem no programa:
três raparigas mais ou menos da minha idade - a Catarina, a Mafalda e a
Alexandra - dois senhores mais velhos - o Paulo e o Eduardo - e uma
senhora cujo nome não me recordo. Todos
os lugares estavam ocupados mas o Paulo ofereceu-me logo o seu lugar.
Uns minutos mais tarde, quando o ouvi perguntar pelo almoço, ofereci-lhe
a sandes de bife panado que tinha trazido de casa para comer de manhã.
Ainda não a tinha comido pois os nervos tinham-me tirado a fome. Mas ele
recusou. Na altura, ainda não sabia quem eram eles ao certo, mas a
simpatia foi imediata. Pelo menos, da minha parte foi.
Acabaram por nos chamar para a maquilhagem. As meninas entraram
primeiro. Eu fiquei com o Paulo e o Eduardo à espera noutra salinha.
Continuava com os nervos em franja, sem saber o que responder quando
eles me perguntavam:
- Mas porque é que estás nervosa?
Pela salinha chegou mesmo a passar rapidamente o Manuel Luís Goucha, que
tinha acabado de sair do "Você na TV", desejando-nos um bom programa.
Entretanto, as pessoas da produção deram-nos umas coisas para lermos e
assinarmos, relacionadas com os direitos de imagem
e afins. Nessa altura, ouvi o Paulo dizer que se chamava Paulo Lima. Eu
conhecia aquele nome e já sabia que as raparigas vinham cantar. Assim
que arranjei coragem, perguntei:
- O senhor chama-se Paulo Lima? Não foi o senhor que compôs aquele hino
para a Seleção? - cheguei mesmo a pôr a música a tocar, em jeito de
confirmação.
Tinha mesmo sido ele. O Eduardo, que na verdade se chamava Eduardo
Jorge, era o autor da letra. A Catarina era a voz principal da música.
Ela, a Alexandra e a Mafalda iam interpretá-la no "A Tarde é Sua". Foi
de facto uma enorme e feliz coincidência os autores e intérpretes do meu
cântico preferido da Seleção terem sido convidados para o mesmo
programa que eu e para atuarem imediatamente antes de mim. Sobretudo se
tivermos em conta
que o programa duraria mais de quatro horas. Eles ficaram,
naturalmente, muito contentes quando, atabalhoadamente, elogiei-lhes o
Hino, o facto de terem pegado na História e na Cultura portuguesas,
quando lhes disse que era o meu cântico preferido e que tinha falado
dele no meu blogue.
Entretanto, fui chamada à maquilhagem, que ainda demorou um pouco,
Cheguei mesmo a ser maquilhada ao mesmo tempo que a Fátima Lopes, que
apresentaria o programa. Nunca usei tanta maquilhagem na minha vida,
mas, mais tarde, disseram-me que eu até estava gira. De seguida, fui
almoçar no refeitório da estação, que ainda ficava um pouco longe,
voltei para ser retocada, fiquei com o senhor Paulo e o senhor Eduardo à
espera no corredor, enquanto as meninas se vestiam e depois ala para o
estúdio. Tudo isto a correr. Pelo meio, lá me lembrei de perguntar se
sempre podia apresentar rapidamente o livro que publiquei há cerca de
seis meses (AQUI),
tal como me tinham prometido, de ligar à minha avó e enviar uma
mensagem à minha tia a dizer que eu apareceria logo na primeira parte do
"A Tarde É Sua".
Se resumisse, aliás, o ambiente dos bastidores de um estúdio de
televisão numa única palavra, esta seria "dinâmico". Lá estão sempre a
acontecer coisas e a acontecer muito depressa, mal temos tempo para
pensar. Eu, pelo menos, não estava habituada àquele tipo de pressão.
Agora, penso nos músicos e outras celebridades que, quando estão a
promover os seus trabalhos, têm de fazer aquilo todos os dias, por vezes
em cidades diferentes, em países diferentes... e compreendo porque é
que muitos deles se sentem tão pressionados, tão sozinhos, tão
desorientados que se viram para as drogas. Para aqueles que conseguem
lidar com tudo aquilo mantendo um exame toxicológico imaculado...
respeito!
Nesse aspeto, tenho de agradecer ao Paulo, ao Eduardo e às outras. Era a
minha primeira vez na televisão, tinha vindo sozinha (a minha irmã era
para vir comigo mas não deu), estava super nervosa... Se não fosse a
companhia deles, teria enlouquecido com o stress.
Além de que o facto de eles terem atuado imediatamente antes da minha
entrevista ajudou-me também a descontrair, a entrar no espírito. Nesta
altura eu já estava com a Fátima Lopes, junto às cadeiras onde nos íamos
sentar - aqui o dinamismo e a rapidez continuam. A emissão ia
alternando entre momentos musicais, entrevistas, reportagens já
gravadas, filmagens no exterior do estúdio, diretos da Seleção, quando
as câmaras não estavam focadas em nós, nós íamos tomando as nossas
posições - Toda a gente no público dançava mas eu era a única que
conhecia a letra - algo em que a Fátima não deixou de reparar. Foi, de
facto, uma atuação muito boa, como poderão ver no vídeo acima.
Finalmente, chegou o momento da minha entrevista. Não vou estar a
descrevê-lo, vocês podem ver o vídeo no início da entrada. Mais uma vez,
foi tudo muito rápido, não houve tempo para pensar demasiado nas
coisas, para me sentir nervosa - mesmo assim, tinha a mão que segurava o
microfone a tremer e só esperava que lá em casa não reparassem...
Agora, depois de ver várias vezes a gravação, vejo que a minha maneira
de falar é muito à Paulo Bento: repito palavras, gaguejo um pouco... as
maiores diferenças residem no facto de eu ter estado mais sorridente e
ter uma voz bem mais irritante. A sério, como é que as pessoas conseguem
ouvir-me? Por lapso, não chegou a ser referido o nome do meu blogue mas
ao menos pude apresentar o meu livro - algo que receei não ser capaz de
fazer. No geral, até correu bem a entrevista. Acho que os pontos fortes
foram, precisamente, a referência ao Cristiano Ronaldo no meu livro, a
metáfora do vírus da Seleção - que já é velha cá no blogue mas lá
acharam piada - e o momento em que defendi o Hélder Postiga dos
críticos. A Fátima ficou impressionada, mas, na verdade, já tinha falado
disso aqui no blogue, tinha-me informado acerca dos marcadores para
esfregá-lo no nariz dos que contestaram a Chamada do avançado. Espero
agora é que o Hélder faça por merecer o facto de o ter defendido na
televisão. Em todo o caso, se alguém me quiser como comentadora, que o
publique num comentário aqui no blogue, na página do Facebook ou no
vídeo do YouTube.
Como podem ver no vídeo, antes de sair, ainda tive direito a um momento
com o Quim Barreiros. Nestes dias, houve quem tivesse colocado um
cachecol do Futebol Clube do Porto ao pescoço do Chester Bennington dos
Linkin Park - uma das minhas bandas preferidas - houve quem subisse ao
palco para cantar com o Bryan Adams - o meu cantor preferido. Eu dancei
com o Quim Barreiros...
E já está. Já tive direito aos meus quinze minutos de fama, graças ao
meu jeito para a escrita e ao meu amor à Seleção - acho que até são
motivos razoáveis para aparecer na TV. Há piores, pelo menos. Já recebi
uns quantos likes extra na página do Facebook. No café onde
costumo escrever e consultar os jornais, já me vieram pedir um
autógrafo. Talvez consiga vender mais meia dúzia de livros. Por fim,
mesmo que o Europeu não nos corra de feição (três vezes na madeira), já
tenho algo bom para recordar deste período.
Por isso, quero agradecer à Carla Leal Ferreira - que me descobriu e me
convidou - à Fátima Lopes, à Mariana, ao Diogo e a toda a equipa do "A
Tarde É Sua" por esta incrível experiência. E agradecer uma vez mais a
Paulo Lima, Eduardo Jorge, à Catarina Rocha, à Alexandra e à Mafalda
pela companhia. Graças a todas estas pessoas, nunca esquecerei a tarde
do dia 4 de Junho de 2012!
Sofia Almeida
Sofia Almeida